terça-feira, 15 de abril de 2014

CUIDE DE SEUS OLHOS E FAÇA UM TESTE EM CASA



Cuide de seus olhos


Se eles estão funcionando bem, são o principal órgão sensorial, as janelas por onde o cérebro percebe o mundo. E o melhor: a maioria dos problemas pode ser evitada com uma visita ao oftalmologista.

Glaucoma, descolamento de retina, retinopatia diabética, catarata e degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Todas essas doenças oculares têm em comum a inquietante propensão de gerar milhões de cegos entre nós, nem sempre em uma idade avançada. 

Mas, para nossa sorte, a imensa maioria desses casos pode ser detectada e tratada antes que se instale e cause danos irreversíveis. Basta uma visita ao oftalmologista.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

A POLÍCIA, O BEM E O MAL



A polícia, o bem e o mal

Autor: J.R. Guzzo  em Artigos, Estado de Direito  02/04/2014


Pode ser uma coisa que muita gente acha desagradável ouvir, e por isso é melhor dizer logo, para não gastar o tempo do leitor com prosa sem recheio. E o seguinte: os brasileiros fariam um grande favor a si mesmos se tomassem a decisão de ficar, com o máximo de clareza e na frente de todo mundo, a favor da polícia. Isso mesmo: a favor da polícia, e da ideia de que cabe exclusivamente a ela, numa democracia que queira continuar viva, o direito de usar a força bruta para manter a ordem, cumprir a lei e proteger o cidadão. Tem, também, a obrigação legal de fazer tudo isso. Algum problema? É exatamente assim em todos os regimes democráticos. Eis aí, na verdade, uma afirmação evidente em si mesma; pode ser entendida sem a menor dificuldade após um minuto de reflexão. Mas estamos no Brasil, e no Brasil o que parece ser um círculo, por exemplo, é muitas vezes considerado um triângulo, ou um quadrado, ou qualquer outra coisa que não seja o diabo do círculo.

terça-feira, 4 de março de 2014

O IMBECIL JUVENIL






Já acreditei em muitas mentiras, mas há uma à qual sempre fui imune: aquela que celebra a juventude como uma época de rebeldia, de independência, de amor à liberdade. Não dei crédito a essa patacoada nem mesmo quando, jovem eu próprio, ela me lisonjeava. Bem ao contrário, desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus companheiros de geração, o espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentir-se iguais e aceitos pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos bacanas.
        
O jovem, é verdade, rebela-se muitas vezes contra pais e professores, mas é porque sabe que no fundo estão do seu lado e jamais revidarão suas agressões com força total. A luta contra os pais é um teatrinho, um jogo de cartas marcadas no qual um dos contendores luta para vencer e o outro para ajudá-lo a vencer.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

ARMADOS E DESARMADOS




Por Olavo de Carvalho, no Diário do Comércio, em 20 de fevereiro de 2013

         

O Homeland Security está distribuindo às escolas, igrejas, clubes e outras instituições um vídeo em que ensina como reagir a um invasor armado de pistola, rifle ou metralhadora. Receita número um: saia correndo. Número dois: esconda-se debaixo da mesa. Número três: ataque o sujeito com uma tesoura, um hidrante, um cortador de papéis, um grampeador ou algum outro instrumento mortífero em estoque no almoxarifado. E assim por diante . (Não é gozação minha. Veja em http://www.youtube.com/watch?v=5VcSwejU2D0).       


A hipótese de manter um guarda armado ou de permitir que funcionários habilitados portem armas não é nem mesmo mencionada. É exorcizada. Há lugares, é claro, onde o exorcismo não funciona: a comissão de educadores da cidade de Newtown, aquela onde duas dezenas de crianças morreram assassinadas por um atirador alucinado, já declarou que vai seguir a sugestão da National Rifle Association e não as lições sapientíssimas do Homeland Security.


Para sua própria proteção, é claro, o Homeland Security apela ao remédio exatamente inverso daquele que recomenda aos outros. Alegando, vejam só, "defesa pessoal", o departamento acaba de comprar sete mil fuzis AR-15 – aquele mesmo que o governo quer tomar dos cidadãos – e dois bilhões, sim, dois bilhões de balas hollow point, daquelas que espalham estilhaços no corpo da vítima. Essa munição é proibida para uso militar pela Convenção de Genebra, só podendo ser usada, portanto, contra a população civil. O inferno não está cheio só de boas intenções.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

UM ESQUERDISTA PODE TUDO




Ser de esquerda, no Brasil, significa ter um salvo-conduto para defender todo tipo de atrocidade e cair nas maiores contradições. É o monopólio das virtudes após décadas de lavagem cerebral demonizando a direita liberal ou conservadora.

Um esquerdista pode, por exemplo, mostrar-se revoltado com o regime militar, tentar reescrever a história como se os comunistas da década de 1960 lutassem por democracia e liberdade, tentar mudar o nome até de ponte, e logo depois partir para um abraço carinhoso no mais velho e cruel ditador do continente, Fidel Castro.

Um esquerdista pode, também, repudiar o “trabalho escravo” em certas fazendas brasileiras, o que significa não atender às mais de 200 exigências legais (incluindo espessura de colchão), e logo depois aplaudir o programa Mais Médicos do governo Dilma, que trata cubanos como simples mercadoria.

Um esquerdista pode tentar desqualificar uma médica cubana que pede asilo político, alegando que tinha problemas com bebida e recebia amantes em seu quarto (é proibido isso agora?), para logo depois chamar de preconceito de elite qualquer crítica ao ex-presidente chegado a uma cachaça e a “amizades íntimas”.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

TEORIA DO BODE




Antonio Gramsci e a teoria do bode

Olavo de Carvalho
IEE, Edição Nº31 - 29 de Outubro de 2002



Num debate de que participei na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, estava eu a expor a estratégia gramsciana da ocupação de espaços e da fabricação de consensos, quando meu oponente, desejando enaltecer a figura do ideólogo italiano que minhas palavras pareciam depreciar, alegou ser ele hoje em dia o autor mais citado em trabalhos universitários no Brasil e no mundo.

A plateia não resistiu: explodiu numa gargalhada. Nunca uma pretensa refutação confirmara tão literalmente as afirmações refutadas.

Mas a alegação em favor de Gramsci é correta. Se há um consenso imperante nos meios acadêmicos ao menos brasileiros, é aquele que faz do fundador do Partido Comunista Italiano o mais importante dos pensadores, mais importante, sob certos aspectos, do que o próprio Karl Marx.

Esse consenso produziu-se aliás pelos mesmos meios preconizados por Gramsci para a imposição de qualquer outra ideia: primeiro os adeptos da ideia "ocupam os espaços", apropriando-se de todos os meios de divulgação; depois conversam entre si e dizem que as conclusões da conversa expressam o consenso universal.

Os que estão nas ruas na Venezuela querem é democracia; os black blocs no Brasil são é bandidos

Milhares de estudantes voltam às ruas na Venezuela (Foto: Christian Veron/Reuters)



Recebi aqui de um leitor um arrazoado bastante capenga, afirmando que uso “dois pesos e duas medidas” para avaliar os protestos na Venezuela e no Brasil. Eu seria favorável às manifestações lá e contrário aqui. Pra começo de conversa, peço um favor: vamos usar a expressão com correção. O certo para indicar o que o rapaz tentou dizer é “um peso e duas medidas” — porque desequilibraria a balança, entenderam? Quem diz que o outro usa “dois pesos e duas medidas” só o está acusando de ter sido justo… Não sei se me fiz entender. Mas sigamos.

A Venezuela, técnica e praticamente, é uma ditadura, e o Brasil, felizmente, é uma democracia plena. Ainda é, e vamos lutar para que continue assim. Neste domingo, milhares de estudantes voltaram às ruas de Caracas para protestar contra o governo e contra encapuzados que têm se infiltrado nas manifestações — aquelas, sim, pacíficas — para promover a violência e o caos. Uma nova convocação foi feita para esta segunda.

Na semana passada, três pessoas morreram a tiros em manifestações de rua, dezenas ficaram feridas, e há nada menos de 200 presos — três deles são jornalistas. Os tumultos foram promovidos, já está mais do que claro, por milícias chavistas armadas, que se infiltraram entre os que protestavam para promover o quebra-quebra e a depredação. Isso forneceu ao ditador Nicolás Maduro o pretexto para uma onda repressiva sem precedentes, com ordem para prender políticos de oposição. Um deles, Leopoldo López, está foragido, e a polícia o caça país afora. Maduro o acusa, acreditem, de terrorismo e de tramar um golpe no país. É um lunático. Neste domingo, anunciou a expulsão de três diplomatas americanos, que, segundo ele, estariam envolvidos em conspiração. É o velho truque dos malandros latino-americanos: quanto tudo vai mal, basta culpar os EUA.